quarta-feira, 24 de agosto de 2016

DORMIÇÃO DE NOSSA SENHORA

DORMIÇÃO DE NOSSA SENHORA
Pórtico da Igreja das Cruzadas do Túmulo de Maria, parte integral do Getsémane, no lugar onde, segundo a tradição, Maria foi elevada ao Céu em corpo e alma. Na sequência da festa da Assunção de Nossa Senhora, podemos reflectir sobre aquilo a que se chamou a Dormição.

Emprega-se este termo Dormição como um neologismo que os dicionários ainda não registam em referência ao que se chamaria a Morte de Nossa Senhora.


Como a morte é a consequência do primeiro pecado, pecado original, e Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, não estava sujeita à morte e então, para falar da morte de Nossa Senhora, emprega-se esta expressão de Dormição de Nossa Senhora. Algumas reflexões sobre a Dormição de Nossa Senhora, a propósito da conclusão da vida terrena de Maria.

1. O Concílio Vaticano II retomou os termos da Bula de definição do dogma da Assunção e afirma :
- A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha da culpa original, terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma. (LG 59).

Também o Catecismo da Igreja Católica, em referência à Assunção e citando a Liturgia bizantina, diz:
966. - No teu parto guardaste a virgindade e na tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus; alcançaste a fonte da vida. Tu que concebeste o Deus vivo e que, pelas tuas orações hás-de livrar as nossas almas da morte. (Tropário da festa da Dormição, 15 de Agosto).

Pio XII, ao definir o dogma da Assunção, não quis negar o facto da morte de Maria, mas apenas não julgou oportuno afirmar solenemente a morte da Mãe de Deus, como verdade que devia ser admitida pelos crentes.

Alguns teólogos afirmaram a isenção da morte da Virgem e a sua passagem direta da vida terrena à glória celestial.

Todavia, esta opinião é desconhecida até ao século XVII, enquanto, na realidade, existe uma tradição comum que considera a morte de Maria como a sua introdução na glória celeste.

2. Reflectindo sobre o destino de Maria e sobre a sua relação com o Filho divino, parece legítimo julgar que Maria de Nazaré teria experimentado na sua carne o facto real da morte.

Dado que Cristo morreu, seria difícil afirmar o contrário no que diz respeito a Maria.

Os santos Padres sempre raciocinaram no sentido de uma morte real de Maria, configurada com a morte de seu Filho, (sem todavia se admitir a corrupção), e a sua glorificação celeste.

3. A Revelação da morte apresenta-se como o castigo do pecado; todavia o facto de a Igreja proclamar Maria liberta do pecado original por singular privilégio da Mãe de Deus, não nos leva a concluir que Ela recebesse também o privilégio da imortalidade corporal.

A Mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe novo significado e transformando-a em instrumento de salvação.

Maria pôde assim compartilhar o sofrimento e a morte em vista da Redenção da Humanidade.

4. O Novo Testamento, por sua vez, não oferece qualquer notícia sobre as circunstâncias da morte de Maria.

Este silêncio leva a supor que esta se tenha verificado normalmente sem qualquer pormenor digno de menção.

Quanto aos motivos da morte de Maria, não parecem fundadas as opiniões que lhe quereriam excluir causas naturais.

Mais importante é a busca da atitude espiritual da Virgem no momento da sua despedida deste mundo, como uma morte por amor.

Qualquer que tenha sido o facto orgânico e biológico que, sob o aspecto físico, causou a cessação da vida do corpo, pode-se dizer que a passagem desta vida para a outra constituiu para Maria uma maturação da graça na glória, de tal forma que jamais como esse caso a morte pôde ser concebida como uma dormição.

5. No final da sua existência terrena, Maria terá experimentado, como Paulo e mais do que ele, o desejo de se libertar do corpo para estar com Cristo para sempre.

A experiência da morte enriqueceu a pessoa da Virgem : passando pela sorte comum de todos os seres humanos, ela pode exercer com mais eficácia a sua maternidade espiritual em relação àqueles que chegam à hora suprema da vida".

No Oriente e nas Gálias e ainda noutras regiões, a festa principal de Nossa Senhora era, porém, a da sua morte e subida ao céu em corpo e alma, a que( ...) os latinos chamavam ; Dormitio, Transitus, Depositio, Pausatio, Natale ou Assumptio.

Todavia foi esta última que prevaleceu, e isto não está em contradição com o facto da tradição geral de que Nossa Senhora fora levada para o céu em corpo e alma, que já nos vem desde o século VI na Igreja Oriental e em Roma foi adoptada no século VII em que o papa Sérgio I ordenou uma procissão solene em honra desta festa tradicional.

O que está em causa é mais a glorificação de Nossa Senhora do que a sua morte, ou dormição
fonte:www.catequistabrunovelasco.com
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Vida de Maria (XIX): Dormição e Assunção



“O Céu tem um coração”, dizia o Papa Bento XVI, o da Virgem Maria, que foi levada em corpo e alma para junto do seu Filho para sempre.
Os últimos anos de Maria na terra – os que passaram desde o dia de Pentecostes até a Assunção – ficaram envolvidos numa neblina tão densa que não é possível entrevê-los e menos ainda penetrar neles. A Sagrada Escritura cala, e da Tradição recebemos apenas ecos longínquos e incertos. A sua vida transcorreu calada e laboriosa: como uma fonte oculta que dá aroma às flores e sabor aos frutos. A liturgia, com palavras da Sagrada Escritura a chama de Hortus conclusus, fons signatus (Ct 4, 12): jardim fechado, fonte selada. E também: fonte de água viva, riacho que corre do Líbano (Ct 4,15). Assim como quando estava junto de Jesus, passou despercebida, velando pela Igreja nascente.

É certo que, sem dúvida, viveu junto de São João, já que tinha sido confiada aos seus cuidados filiais. E São João, nos anos seguintes ao Pentecostes, morou habitualmente em Jerusalém: o encontramos ali sempre ao lado de São Pedro. Na época da viagem de São Paulo, na véspera do Concílio de Jerusalém, ao redor do ano 50, o discípulo amado aparece entre as colunas da Igreja. Se Maria ainda estivesse ao seu lado, deveria ter ao redor de 70 anos, como afirmam algumas tradições: a idade que a Sagrada Escritura considera a da plena maturidade humana.

Mas o lugar de Maria estava no Céu. Onde o seu Filho a esperava. E assim, num dia desconhecido para nós, Jesus levou-a consigo à glória celestial. Ao declarar o dogma da Assunção de Maria, em 1950, o Papa Pio XII não quis resolver se Nossa Senhora morreu e imediatamente depois ressuscitou, ou se foi diretamente ao Céu sem passar pelo momento da morte. Atualmente, como nos primeiros séculos, a maioria dos teólogos pensa que ela também morreu, mas – da mesma forma que Cristo – a sua morte não foi um tributo ao pecado – ela era a Imaculada! – mas para ficar mais parecida a Jesus. E assim, desde o século VI, o Oriente começou a celebrar a festa da Dormição de Nossa Senhora: um modo de expressar que foi uma passagem mais parecida ao sonho que à morte. Deixou esta terra – como dizem alguns santos – transportada pelo amor.
Os escritos dos Padres e autores sagrados, principalmente a partir dos séculos IV e V, oferecem detalhes sobre a Dormição e Assunção de Nossa Senhora baseados em alguns relatos do século II. De acordo com estas tradições, quando Maria estava prestes a abandonar este mundo, todos os Apóstolos – exceto São Tiago maior, que já tinha sido martirizado, e Tomé, que estava na Índia – se reuniram em Jerusalém para acompanha-la nos seus últimos momentos. E numa tarde branca e serena fecharam os seus olhos e depositaram o seu corpo num sepulcro. Poucos dias depois, quando São Tomé, que chegou atrasado, insistiu em ver o corpo da Virgem Maria. Encontraram a sepultura vazia, enquanto ouviam cânticos celestiais.

À margem dos elementos de verdade destes relatos, o que é verdade é que a Virgem Maria, por um privilégio especial de Deus Onipotente, não experimentou a corrupção: o seu corpo, glorificado pela Santíssima Trindade, foi unido à alma, e Maria foi assunta ao Céu, onde reina viva e gloriosa, junto de Jesus, para glorificar a Deus e interceder por nós. Foi o que o Papa Pio XII definiu como dogma de fé.

A pesar do silêncio da Escritura, uma passagem do livro do Apocalipse deixa entrever essse final glorioso de Nossa Senhora. Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1). O magistério vê nesta cena, não só uma descrição do triunfo final da Igreja, mas também uma afirmação da vitória de Maria (tipo e figura da Igreja) sobre a morte. É como se o discípulo que tinha cuidado de Nossa Senhora até a sua ida ao Céu, tivesse querido deixar constância – de modo delicado e silencioso – deste fato histórico e de salvação que o povo cristão, inspirado pelo Espírito Santo, reconheceu e venerou desde os primeiros séculos.

E nós, animados pela liturgia da Missa da véspera desta festa, aclamamos a Nossa Senhora com estas palavras: gloriosa dicta sunt de te, Maria, quæ hodie exaltata es super choros angelorum : bem aventurada és Maria, porque hoje foste elevada sob os coros dos anjos e, juntamente com Cristo, alcançou o triunfo eterno.

J.A. Loarte

fonte:http://opusdei.org.br/pt-br/article/vida-de-maria-xix-dormicao-e-assuncao/

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Os Pais da Igreja e a Assunção e Dormição de Maria



"Mas à Mulher foram dadas duas asas de grande águia"Apocalipse 12,14

“Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.”Apocalipse 12:1

“Levantai-vos, Senhor, para vir ao vosso repouso, vós e a arca de vossa majestade.” Salmos 132:8

“Quem é esta que sobe do deserto apoiada em seu bem-amado?” Cânticos 8:5

“Toda formosa, entra a filha do rei, com vestes bordadas de ouro.” Salmos 45:13

INTRODUÇÃO
A doutrina da Assunção de Maria, é bastante antiga. Segundo São João Paulo II, os cristãos primitivos, já escreviam livros tentando mostrar como foi magnífico este acontecimento. Desde muito cedo, os cristãos escreviam livros narrando tal fato; estes livros foram confirmados pelos padres da Igreja, principalmente entre o período do Concílio de Éfeso, onde a mariologia foi mais estudada.

Os Pais da Igreja e a Assunção e Dormição de Maria

1. APÓCRIFOS SOBRE A ASSUNÇÃO: O texto mais antigo que temos da literatura Transitus Mariae é um livro armênio chamado Liber Requiei Mariae (Inglês: Book of Repose de Maria). Isso é o mais velho sobrevivente literatura desse tipo; pode haver outras, mais antigas que tenham sido perdidos. (Talvez um dia mais velhos serão descobertos.) O Liber Requiei Mariae foi escrito por 300, provavelmente no 400, e possivelmente mais cedo[1]. Aqui está o que ela diz sobre a Assunção de Maria:

"E o Senhor disse-lhes: 'Deixe-os trazer o corpo de Maria para as nuvens." ... E quando eles chegaram juntos no Paraíso, eles colocaram o corpo de Maria ao lado da árvore da vida. E trouxeram a sua alma e colocou-a em cima de seu corpo. E nosso Senhor dispensou seus anjos para os seus lugares" (Liber Requiei Mariae 89, tal como aparece na Shoemaker, tradições antigas da Dormição de Maria e Assunção Oxford.:. Oxford University Press, 2002. p 163-164).

2. SANTO EPIFÂNIO DE SALAMIA ( 403 d.C.): Foi o primeiro dos denominados 'pais da Igreja' que, por volta de 377, tratou sobre o assunto. Epifânio não quis dar um posicionamento oficial, mas defendia a assunção corporal. Ele escreve:

"Mas, se algum de nós pensar enganado, deixá-los examinar as Escrituras. Eles não vão encontrar a morte de Maria; eles não vão descobrir se ela morreu ou não morreu; eles não vão descobrir se ela foi enterrada ou não foi enterrada. Mais do que isso... João viajou para a Ásia, mas em nenhum lugar lemos que ele tomou a Virgem santa com ele. Antes, a Escritura é absolutamente silenciosa [no final de Maria] devido à natureza extraordinária do prodígio, a fim de não chocar as mentes dos homens .
De minha parte, não me atrevo a falar, mas eu mantenho meus próprios pensamentos e eu pratico o silêncio. Pois pode ser que em algum lugar temos encontrado indícios de que é impossível descobrir a morte da santa, abençoada. De um lado, você vê, Simeão dizendo à ela, "e sua própria alma uma espada traspassará, para que os pensamentos de muitos corações possam ser revelado" (Lucas 2,35). Por outro lado, quando o Apocalipse de João diz "E o dragão se apressou contra a mulher que deu à luz a criança do sexo masculino, e havia dado a ela as asas de uma águia, e ela foi levada para o deserto, para que o dragão não possa agarrá-la» (Ap 12, 13- 14), pode ser que esta [profecia] seja cumprida nela.
No entanto, eu não afirmo isso com certeza, e eu não digo que ela permaneceu imortal;. Mas também não posso deixar claro que ela morreu. O fato é que a Escritura tem superado a mente humana e deixou [o assunto] incerto, para a causa desse recipiente valorizado incomparável, para impedir que alguém abrigue pensamentos carnais em sua conta. Será que ela morreu? Não sabemos. Em todo o caso, se ela foi enterrada, ela não tinha tido nenhuma relação sexual .... " (Santo Epifânio, Panarion haer78, n. 10-11;)

Epifânio deixa claro que não sabe se a Virgem morreu. Alguns capítulos antes, ele afirma que a carne de Maria está nos Céus:

“Como santa Maria não possui o reino dos céus com sua carne, uma vez que ela não era impura, nem dissoluta, nem ela nunca cometeu adultério, e uma que ela nunca fez nada de errado, tanto quanto as ações da carne estão em causa, mas permaneceu imaculada?” (Santo Epifânio de Salamia, Panarion 42, 12; PG 41:777 B).

Epifânio professa a crença de que Maria, embora não se saiba devido a tradição da Palestina, se veio a morrer ou não, afirma que ela, "possui o reino dos césu com sua carne".

3. SANTO AMBRÓSIO (†397), quando estava discutindo sobre a espada de Simeão, ele descarta a idéia de que Nossa Senhora teve uma morte violenta; essa tese não tem garantia na Escritura ou histórica (Santo Ambrósio, Exposit evang secun Lucam, lib 2, n. 61). Mas Santo Ambrósio, em uma passagem notável, apresenta, como uma hipótese, o anseio de Maria a subir com Jesus, caso ela estava fadada a morrer com Ele (Santo Ambrósio, De instit virg, cap 7, n. 49; Patrologia Latina 16:333). Pode haver aqui uma insinuação da assunção, devido ao desejo de Maria em estar com Jesus.

4. TIMÓTEO DE JERUSALÉM (SÉCULO IV-V), quebrou este mistério sobre o fim de Maria, escrevendo uma obra no fim do século IV, ou início do século V, que negava o martírio, e confirmava a assunção:

"... Alguns supõem que a Mãe do Senhor, foi condenado à morte com uma espada e ganhou para si final de um mártir. A razão encontra-se nas palavras de Simeão:" E a tua própria alma uma espada traspassará. ' Mas esse não é o caso Uma espada de metal, você vê, se unirá ao corpo;.. Ele não cortar a alma em dois. Por isso, a Virgem é imortal até hoje, vendo que Ele, que morava em sua transportou para as regiões de sua assunção [ou para os lugares de Sua assunção, ou em regiões altas acima]." (Timóteo de Jerusalém, In prophetam Simeonem, ed. Faller, p. 26, Patrologia Graeca 86:245)

Esta afirmação de Timóteo é importante pois mostra que a doutrina da Assunção de Maria, já era proclamada pelos pais da Igreja pré-Éfeso. Na Igreja pós-Éfeso, achamos muitos mais relatos sobre a assunção e a dormição de Maria. Também, Severiano de Gabala (†408), diz um detalhe sobre o fim de Maria: Ele deixa claro que Maria está nos Céus (Severiano de Gabala, In mundi creationem oratio 6, n. 10, Patrologia Graeca 56:498.) embora não comente especificamente sobre a assunção corpórea.

5. PSEUDO-DIONÍSIO (SÉCULO V-VI): Um monge sírio, de formação neoplatônica, narrou a doutrina ortodoxa da 'dormição da Theotokos', no final do século V, com o nome de Pseudo-Dionísio, onde ele escreveu:

“Pois até mesmo entre os nossos hierarcas inspirados, quando, como tu sabes, nós juntamente com ele [um presbítero ateniense chamado Hierotheos] e muitos de nossos santos irmãos se reuniram para contemplar aquele corpo mortal [de Maria], Fonte da Vida, que recebeu o Deus encarnado, estava ali Tiago, irmão de Deus [isto é, Tiago de Jerusalém] e Pedro, o chefe maior dos escritores sagrados, e então, depois de terem contemplado isso, todos os hierarcas ali presentes celebraram, segundo o poder de cada um a bondade onipotente da fraqueza Divina [ou seja, que Deus se fizesse homem]. Naquela ocasião, eu digo, ele [isto é, Hierotheos] ultrapassou todos os Iniciados com exceção dos escritores divinos, sim, ele estava completamente transportado, completamente absorto, e ficou tão emocionado através da comunhão com aqueles mistérios que ele estava comemorando, que todos os que o ouviram, viram e conheceram (ou melhor, não o conheceram) considerou que ele foi arrebatado por Deus e um hinografo divino”. (Pseudo-Dionísio Aeropargita, Sobre os Nomes Divinos 3,2)

Isso atesta que as tradições sobre a Dormição e Assunção são bem antigas. Embora a Assunção seja anterior à doutrina da dormição.

6. CONCÍLIO DA CALCEDÔNIA ( 451 d.C.): São João Damasceno lembra que no Concílio da Calcedônia, fora constatado a Assunção de Maria:

“Juvenal, bispo de Jerusalém, no Concílio de Calcedônia (451), levou ao conhecimento do Imperador Marciano e Pulquéria, que desejavam possuir o corpo da Mãe de Deus, que Maria morreu na presença de todos os Apóstolos, mas que o seu túmulo, quando aberto a pedido de São Tomé, foi encontrado vazio; portanto os Apóstolos concluíram que o corpo foi levado ao céu.” (São João Damasceno, Hom 2 in dormit Mariae, n. 18, Patrologia Graeca 96:747-752)[2]

A obra histórica , “Euthymiaca historia", também descreve o momento em que o imperador bizantino Marciano (†457) e sua esposa Pulquéria perguntaram ao Patriarca de Jerusalém, no Concílio Ecumênico de Calcedônia (†451), sobre as relíquias da Theotokos. O Patriarca Juvenal respondeu: "três dias após o sono, o corpo da Virgem foi elevado ao céu, e o Túmulo no Jardim do Getsêmani guarda apenas o véu", que foi então levado para a Igreja de Blachernae em Constantinopla (hoje capital da Turquia, Istambul).[3] [4]

7. SÃO GREGÓRIO TOURS (†594), também disse sobre a Assunção e Dormição de Maria:

"Depois disso, os apóstolos espalhados por diferentes países para pregar a palavra de Deus Posteriormente a bendita Maria terminou o curso desta vida e foi convocada do mundo;. E todos os apóstolos estavam reunidos, cada um de sua própria área, em sua casa . Ao ouvir que ela estava para ser tomada ( assumenda ) do mundo, eles vigiavam com ela. Tudo de uma vez seu Senhor veio com anjos, levou sua alma, entregou-a para o Arcanjo Miguel, e desapareceu. Ao raiar do dia, no entanto , os apóstolos levantaram o corpo, juntamente com o funeral-cama, colocou-a em uma tumba, e vigiava sobre ele, em preparação para a vinda do Senhor. E, novamente, de uma só vez o Senhor apareceu-lhes e pedir o santo corpo tomado e levado em uma nuvem para o paraíso. Lá, reuniu-se com a alma, ele se alegra com os seus eleitos e goza de bênçãos da eternidade, que nunca vai acabar " (São Gregório Tours, Lib 1 miraculorum: In gloria martyrum, cap 4, Patrologia Latina 71:708)

Gregório também escreveu:
“Os Apóstolos levaram seu corpo em um caixão e colocaram num sepulcro, e eles o guardavam, esperando a vinda do Senhor. E eis que, mais uma vez o Senhor apareceu-lhes; e o corpo santo tendo sido recebido, Ele ordenou que fosse levado em uma nuvem para o paraíso: onde, agora, voltada à alma, se alegra com os escolhidos do Senhor...” ( São Gregório Tours, Oito livros de Milagres 1, 4; Patrologia Latina 71,708)

8. THEOTOKNOS DE LÍVIA, antes de 650 d.C. ; comenta a assunção:
"Foi apropriado ... que o santo corpo mais de Maria, o corpo de suporte de Deus, receptáculo de Deus, divinizada, incorruptível, iluminado pela graça divina e glória ... deve ser confiada à terra por um tempo e levantados para o céu em glória, com sua alma agradável a Deus. "(Theotoknos de Livias, Homilia sobre a Assunção)

As homilias de Theotoknos só foram publicadas em 1955, portanto não estavam acessíveis ao Papa Pio XII quando proclamou o dogma da Assunção de Maria em 1950[5]. Theotoknos seguiu a tradição grega de graça que é vista como divinizadora, por isso ele realçou a ligação entre virgindade, graça e pureza[6].

9. MODESTO DE JERUSALÉM (†637), responde algumas perguntas que podiamos fazer naquela época, em 634:
Por que ela morreu? "À medida que Sua Mãe toda santa, ela o seguiu ...." (Modesto de Jerusalém, Encomium, n. 12, Patrologia Graeca 86:3308)

O que aconteceu com seu corpo no sepulcro? A Mãe de Deus, "após o parto, a sempre virgem, na sepultura não sofreu a corrupção do corpo, que realizou a vida, preservada pelo onipotente Salvador Cristo que veio através dela." (Modesto de Jerusalém, Encomium, n. 7, Patrologia Graeca 86:3293.)

A Assunção genuína, precedido por uma ressurreição gloriosa e postulada pela Maternidade divina, é reiterada repetidas vezes:

"... Como Mãe todo-glorioso do Doador da vida e da imortalidade, Cristo, nosso Salvador e Deus, ela foi dada a vida por Ele, com Ele concorporate em incorrupção para a eternidade, com Aquele que ressuscitou do sepulcro e levou- para si mesmo, da maneira que só Ele sabe .... " (Modesto de Jerusalém, Encomium, n. 14, Patrologia Graeca 86:3312; cf. Jugie, La mort, p. 222. )

O fato de estar 'com ele' com seus 'corpos incorruptos', é evidência clara da assunção.

"Cristo, Deus, que assumiu .... carne dela que foi sempre virgem, chamou-a e vestiu-a na incorruptibilidade de seu próprio corpo [em incorrupção concorporate], e glorificavam a com glória incomparável, assim como para ser seu herdeiro , ela que era a Sua Mãe toda santa, em harmonia com a música do salmista: "Em sua mão direita está a rainha em um manto de ouro, tudo pendurado sobre com bordados" (Salmo 44:10) ". ( Modesto de Jerusalém, Encomium, n. 5-6, PG 86:3289, 3292-3293)

10. SÃO GERMANO DE CONSTANTINOPLA (†740), a Assunção de Maria era consequência da ação de Deus, sobre o corpo de Maria:

"Tu és bela (Ct 2,13) e teu corpo virginal é totalmente santo, casto, morada de Deus. Por este motivo está isento da dissolução em pó. Como corpo humano, foi transformado até a vida excelsa da incorruptibilidade. Está vivo, é superglorioso, cheio de vida e imortal." (Germano de Constantinopla, Hom. in. dorm. I; Patrologia Graeca 98,345)

S. Germano utilizava o argumento da conveniência, segundo a qual teria sido impossível que a morada de Deus, o templo vivo da Santíssima divindade do Unigênito, fosse presa da morte no sepulcro[7]. E por estar assunta no Céu, Maria exerce a função de Mediadora e intercessora. Ele disse:

"Ninguém é salvo senão através de ti, ó Theotokos, ninguém libertado dos perigos senão por meio de ti, ó virgem mãe, ninguém redimido senão através de ti, ó Mãe de Deus" (São Germano de Constantinopla, Hom. in Dorm. II: Patrologia Graeca 98,352)

11. SANTO ANDRÉ DE CRETA (†740),diz que a assunção de Maria ultrapassa nossa compreensão e conhecimento. Ele rejeitava a idéia de que o corpo de Maria, pudesse apodrecer no sepulcro, porque não convinha com sua maternidade divina, nem com sua santidade, nem com sua perpétua virgindade. André afirmou também, a mediação de Maria, tanto histórica ("mediadora da Lei e da Graça, selo da Antiga e Nova Aliança") como cósmica e universal depois da assunção [8].

12. SÃO JOÃO DAMASCENO (†749), cheio do Espírito Santo, escreveu três homilias sobre a dormição( e assunção) ainda preservadas. Ele meditou:

"O vinho agrada sem dúvida, é deliciosa bebida, e o pão alimento nutritivo: um alegra, o outro fortifica o coração do homem (Sl 104, 15). Mas que existe de mais suave do que a Mãe de meu Deus? Ela cativou meu espírito, ela reina sobre minha palavra, dia e noite sua imagem me é presente. Mãe do Verbo, dá-me de que falar! Filha de mãe estéril, torna fecundas as almas estéreis! Eis aquela cuja festa celebramos hoje em sua santa e divina Assunção." (São João Damasceno, Homilia sobre a Dormição da Santíssima Mãe de Deus, parágrafo 2)

Por suas obras, a Igreja Católica Apostólica Romana o tornou um 'Doutor da Igreja', mas especificamente, o 'Doutor da Assunção'(Doctor Assumptionis). Sua resposta para a pergunta que, até então, a Igreja não tinha responsta, foi a vencedora e atravessou os séculos, assim como a doutrina da 'preservação' de Maria(do pecado original), apresentada pelo beato Duns Scotto. Foi ele nos revelou que, no Concílio da Calcedônia, o patriarca Juvenal de Jerusalém, já havia constatado a Assunção de Maria.

13. NA PATROLOGIA LATINA 40 (1142), dá-nos uma obra Pseudo-Agostinho, também defendendo o dogma. A obra se chama 'De Assumptione Beatae Mariae Virginis'.

Com a exceção de uma carta Pseudo-Jerônimo, direcionada as monjas Paula e Eustóquio, certamente escrita por Pascásio Radiberto[9] [10], não houve uma oposição à doutrinas do destino final de Maria (Dormição e Assunção). Em síntese é: Dos poucos padres da Igreja que se posicionaram sobre o assunto, todos concordaram com as doutrinas, que teve como principal defensor São João Damasceno, o 'Doctor Assumptionis'. Isso comprova como é antiga a tradição da Assunção de Maria, que é confirmada pelos escolásticos.

Por Cristo e seu Reino,
Gabriel Klautau
fonte: http://padresdaigreja.blogspot.com.br/2015/02/os-pais-da-igreja-e-assuncao-e-dormicao.html

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