quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Nossa Senhora da Luz - 08 setembro

História de Nossa Senhora da Luz
A devoção à Nossa Senhora da Luz nasceu em Portugal, no período em que este Reino empenhava-se na realização das viagens marítimas e na conquista da África.

O protagonista do culto à Nossa Senhora da Luz, chamava-se Pero Martins, natural de Carnide, povoado próximo à Lisboa. Pero Martins, participou das viagens à África em busca de aventuras e riquezas, mas por volta de 1459 caiu prisioneiro nas mãos de piratas árabes.

A sua liberdade só seria restituída mediante o pagamento de um resgate. Ninguém se interesso em pagar seu resgate. Ficou abandonado na prisão sofrendo todo tipo de humilhação e crueldade.

A partir de 1463, Pero Martins começa a recorrer ao auxilio de Nossa Senhora. Pedía-le que o liberasse do cárcere.Por aproximadamente 30 dias, Nossa Senhora lhe aparece em sonho, auroleada de extraordinária luz e as palavras que lhe dirigiu podem ser resumidas assim.

"Filho, consola-te. Eu te livrarei do cativeiro. E quando estiveres livre, ainda que sejas pobre, não deixaras de fazer o que agora lhe digo: - Irás a Carnide no termo de Lisboa e fazer-me-ás sobre a fonte do Machado uma ermida que terá a inscrição de: Santa Maria da Luz. Neste lugar meu nome ha de ser glorificado, honrado e aumentado com muitas maravilhas e milagres que nele serão feitos por minha intercessão à muitas pessoas devotas. Quando chegares a Carnide, acharas a minha luz e claridade os sinais que teus naturais vêem sobre a Fonte do Machado. Aí acharas uma bela imagem e nela mostrarei quem sou."~
fonte:http://www.paroquianossaluz.com.br/institucional.aspx?ID=2

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Murilo Zampieri
Sendo Nossa Senhora a portadora da Luz de valor infinito,
com muita razão os homens, nos séculos vindouros, A venerariam sob a bela invocação de Nossa Senhora da Luz. E foi sobretudo no Portugal do século XV que essa devoção floresceu e dali se difundiu para além-mar.

A protetora de um pobre cativo
Pedro Martins, simples agricultor da pequena vila portuguesa de Carnide, levava uma existência tranqüila com sua esposa. Mas eram turbulentos os tempos em que viviam. As crônicas não relatam exatamente como, mas ele teve o infortúnio de cair prisioneiro dos mouros da África.

Do ambiente de afeto de sua família, caiu na desgraçada condição de escravo, sujeito a um regime sem compaixão de trabalhos pesados, sob clima atroz e, sobretudo, privado por completo do conforto da religião cristã. Passavam-se os anos, e nenhuma esperança humana restava ao infeliz cativo. Vendo-se de tal modo desamparado pelos homens, Pedro Martins se voltou então, com mais intensidade do que nunca, para Deus.

Numa noite, isolado em sua cela, resolveu rezar com mais fervor e fé. Após horas de oração, vencido pelo sono, adormeceu. Então apareceu-lhe em sonho uma Senhora cheia de luz, a qual lhe prometeu voltar mais vezes para consolá-lo e, após sua última visita, fazê-lo voltar para Carnide. Acrescentou que, lá chegando, ele deveria procurar algo que pertencia a Ela e fora escondido perto de uma fonte. Deulhe também a incumbência de ali edificar uma capela, cuja localização exata Ela lhe indicaria por meio de uma luz.

Trinta noites consecutivas passou ele consolado pela própria Mãe de Deus! As dores sofridas durante o dia se desvaneciam pela luz e a suavidade das horas passadas aos pés de Maria. No entanto, ele continuava cativo. Ao despertar da trigésima noite, oh surpresa! De modo milagroso e inesperado, estava ele de volta em sua boa aldeia. Tomado de emoção, encontrou-se com os seus entes amados, os quais muito se admiravam por vê-lo salvo.


Mas ele não se esqueceu do pedido da Virgem, e logo se pôs a procurar aquilo que, segundo a indicação d'Ela, tinha sido escondido "perto de uma fonte". Na verdade, num local chamado Fonte do Machado, há tempos uma luz misteriosa andava aparecendo, e de toda parte vinha gente curiosa para ver tal fenômeno.

Decidiu então Pedro ir à noite, acompanhado de um primo, para ali fazer a busca. Realmente, ao chegar à fonte avistaram uma luz a se mover diante deles. Seguiram-na até um matagal, e ela parou sobre umas pedras. Eles não pensaram duas vezes. Retiraram as pedras e com encanto se depararam com uma lindíssima imagem de Nossa Senhora. A notícia dessa milagrosa descoberta correu por todo o país, e naquele mesmo ano - 1463 - deu-se início à construção de uma capela, conforme fora ordenado pela Santíssima Virgem. Anos mais tarde, ela seria substituída por uma magnífica igreja.

Uma devoção floresce pelo mundo
Atravessando os mares, a devoção a Nossa Senhora da Luz estendeu-se pelo mundo inteiro, frutificando em graças prodigiosas, de modo especial nos lugares colonizados pelos portugueses. São muitos os milagres a Ela atribuídos, e não seria demasiado aqui citar mais um.

Por volta de 1650, existia num povoado de colonos do sul do Brasil uma capela dedicada à Senhora da Luz, localizada perto de um rio chamado Atuba. Seus habitantes andavam muito perplexos, pois todas as manhãs a imagem da Virgem aparecia com a face voltada para uma região de muitos pinheiros - curytiba, em idioma tupi - onde viviam os ferozes índios tingui. 

Resolveram então desbravar aquela área, e para lá se dirigiram, dispostos a enfrentar um eventual ataque dos indígenas.Ao aproximarem- se, qual não foi sua surpresa quando Tindiquera, o cacique da tribo, adiantou-se sorrindo e os acolheu calorosamente. Era, sem dúvida, uma milagrosa ação pacificadora da Virgem. Tornando-se amigo dos colonos, o chefe índio não só lhes cedeu o terreno que pretendiam, mas indicoulhes o melhor lugar, fincando sua lança no solo; os colonos ali a deixaram, em sinal de respeito e amizade. 

Ao chegar a primavera, a lança do amistoso cacique floriu. Não eram necessários mais sinais. Ali mesmo, sob o amparo da protetora imagem, fundaram uma nova vila cujo nome, como era comum nessa época, mesclava palavras portuguesas e indígenas: Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curytiba.

Nesse mesmo local ergue-se hoje uma imponente catedral neo-gótica, testemunho da ação ao mesmo tempo pacificadora e luminosa da Mãe de Deus.

A admirável invocação de Nossa Senhora da Luz é um contínuo convite a todos nós para cada vez mais amarmos e seguirmos o seu Divino Filho, o qual de Si mesmo afirmou: "Eu sou a luz do mundo; aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8, 12).

(Revista Arautos do Evangelho, Set/2007, n. 69, p. 24-25)
fonte:http://www.arautos.org/artigo/4495/Nossa-Senhora-da-Luz.html
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Fé inabalável
Júnia Ferreira Furtado

Salva do terremoto de Lisboa, beata credita milagre a Nossa Senhora da Luz e cruza o oceano com a imagem da santa, erguendo igreja em Minas Gerais

Foi Nossa Senhora da Luz quem salvou Thereza de Jesus Perpétua do terremoto que assolou Lisboa em 1o de novembro de 1755. Devota da santa, ela saiu ilesa da tragédia depois de fazer uma promessa. E dedicaria boa parte de sua vida a cumpri-la.

A cidade acordou naquele sábado, feriado de Todos os Santos, com o dia claro e o céu azul. Pouco depois das nove da manhã, quando a terra começou a tremer, anunciando uma das maiores catástrofes da Era Moderna, seus moradores se dirigiam ou já se aglomeravam nas igrejas para assistir às missas em comemoração à data. Encurralados nos templos ou nas vielas estreitas, foram milhares os que morreram esmagados sob a massa de escombros em que a fulgurante Lisboa se tornou em questão de minutos. Vários tremores se seguiram, provocando um maremoto: o Rio Tejo se levantou de seu leito e uma onda gigantesca se abateu sobre a cidade baixa. Por fim, um terrível incêndio acabou por destruir grande parte das construções que ainda tinham resistido em pé.

Em reação à gigantesca catástrofe, as manifestações de religiosidade e de misticismo se intensificaram entre os moradores. Os lisboetas estavam acostumados a dedicar boa parte de seu tempo a Deus, e sua vida era regida por uma constante sensação de proximidade entre o profano e o sagrado. Naquele momento de extrema aflição, buscaram no Senhor, na Virgem, em Jesus, nos anjos e nos incontáveis santos da corte celestial a proteção para o que lhes parecia um inexplicável infortúnio.

“A população, aparentemente, estava convencida de que aquele era o dia do Juízo Final”, relatou o inglês Thomas Chase. Enquanto a cidade desmoronava ao seu redor, muitos se empenhavam “em tarefas piedosas, carregavam crucifixos e imagens de santos. Homens e mulheres, sem distinção, nos intervalos entre os tremores de terra, ou se dedicavam a cantar ladainhas ou com fervor zeloso se punham a apoquentar os moribundos com cerimônias religiosas; e sempre que a terra tremia, nas mais pungentes vozarias possíveis, todos de joelhos exclamavam ‘Misericórdia!’”.

O culto a Nossa Senhora da Luz cresceu após a tragédia, pois vários sobreviventes contavam que tinham sido salvos após apelarem à santa. Tal devoção surgira em Lisboa por volta de 1463, creditada a um certo Pero Martins, que estivera preso no norte da África e relatara aparições da Virgem lhe assegurando que a libertação estaria próxima. Em troca, teria lhe pedido que, quando regressasse a Lisboa, erigisse uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Luz, cuja imagem ele encontraria em Carnide, sua freguesia natal. O homem voltou, encontrou a imagem e ergueu o santuário, que se tornou um centro de peregrinação. Quando veio o terremoto, três séculos depois, todo o edifício ruiu, exceto a capela-mor e aquela imagem original, que ficou intacta.

Em outro ponto de Lisboa, Thereza de Jesus testemunhou um milagre parecido. No momento do terremoto, ela invocou a ajuda de Nossa Senhora da Luz, de quem era fervorosa devota e cuja estátua estava disposta em um dos altares laterais do templo onde se encontrava. Prometeu que, se sobrevivesse, daria início à construção de um novo local para abrigar a imagem. Foi salva, e nunca mais se separou daquela estátua.

Se era a fé que unia a beata à imagem da santa, foram os diamantes que levaram ambas para o outro lado do Atlântico. A mudança ocorreu quando o marido de Thereza, o sargento-mor Manoel José Duarte Franco, foi transferido para trabalhar na Real Intendência dos Diamantes, que monopolizava a exploração da pedra preciosa no arraial do Tejuco (atual Diamantina), pequena localidade na porção nordeste da capitania de Minas Gerais.

Thereza, seu marido e a santa chegaram ao Tejuco na década de 1780. O núcleo urbano florescente já vivia uma economia pujante e contava com mais de 500 casas, bastante para o padrão da época. À imagem de Lisboa, também no arraial o mundo religioso se espraiava pelas ruas. No centro, a Matriz de Santo Antônio abrigava a irmandade do Santíssimo Sacramento, que congregava as pessoas mais importantes, e a das Almas, muito procurada pelo papel central de São Miguel na boa condução das almas do purgatório. Em seu entorno, as igrejas proliferaram ao longo de todo o século XVIII, com suas irmandades refletindo a diversidade social. A Igreja do Rosário abrigava os negros; a do Amparo e a das Mercês, os forros; a de São Francisco e a do Carmo disputavam entre si os corpos e as almas da elite. Foi em meio a essa profusão de santos que Thereza de Jesus resolveu encontrar abrigo para a imagem milagrosa que a acompanhava desde o dia do terremoto lisboeta. Inicialmente, a imagem foi colocada em um altar na Igreja do Amparo, depois ela escolheu pessoalmente um sítio aprazível nos subúrbios do arraial, na parte alta da Serra de Santo Antônio, para construir uma pequena igreja.

Embora não lhe faltassem dinheiro e determinação, a beata precisava resolver trâmites burocráticos para pôr em prática o seu projeto. Em 1802, encaminhou a Lisboa uma petição, intermediada pelo Conselho Ultramarino, pedindo permissão para fazer funcionar a sua igreja. No documento, afirmava que tinha “uma particular devoção com a Virgem Santíssima, como mãe e protetora dos pecadores”. Aceita a proposta, partiu para a empreitada, iniciada no ano seguinte. A obra arrastou-se por 16 anos, consumindo parte considerável do patrimônio da devota. A imagem só foi colocada no altar-mor quando a capela foi concluída, em 1819. Junto à igrejinha, Thereza também instalou um pequeno recolhimento para dar auxílio a órfãs que se casavam: elas recebiam enxoval completo, um faqueiro de prata e um dote de três mil cruzados.

Se o trauma do terremoto e a intensa devoção à Virgem salvadora já haviam influenciado profundamente o comportamento de Thereza de Jesus, depois que ficou viúva ela deve ter passado a se dedicar integralmente ao sentimento religioso. Além de empreender grande esforço para cumprir sua promessa, expressava sua devoção em um estilo de vida extremamente modesto. Sua casa tinha pouquíssima mobília. Como não tinha cama, é provável que dormisse no chão, em uma esteira. Os itens do enxoval contavam-se nos dedos: dois lençóis, duas cobertas e uma toalha de mesa. No armário, apenas duas camisas de bretanha e um vestido de cetim preto – veste de viúva. Sua mesa também não devia ser farta, pois os utensílios de cozinha eram poucos e rústicos. Apesar de viver sozinha, por vezes devia receber alguns convidados, dispondo para isso de nove pratos de pedra, seis xícaras e dez canecas. Tinha ainda uma chocolateira, para servir a iguaria muito apreciada na época – provavelmente destinada somente aos convivas, pois, para a beata, a frugalidade caía melhor.

Fato inusitado para a época, Thereza não possuía um único escravo, o que é revelador da vida simples que levava, de seu espírito caridoso, de sua verdadeira conversão espiritual. A palmatória, normalmente usada para aplicar disciplina aos cativos ou às crianças, era provavelmente usada para seu autoflagelo. Na falta de escravos para ajudá-la nas tarefas do dia a dia, é provável que se ocupasse sozinha dos serviços de casa, o que justificaria possuir dois aventais grosseiros.

Os hábitos monásticos eram fruto de escolha pessoal, pois ela tinha recursos suficientes para usufruir de muito mais conforto. Participava de uma sociedade que fazia o comércio de alimentos e de fazenda seca importada (como tecidos e chapéus), e deixaria significativa herança para seu sócio, o capitão João Baptista da Fonseca: 6:857$148 réis (seis contos, oitocentos e cinquenta e sete mil, cento e quarenta e oito réis). Além disso, dispunha de mais de 20 contos em dinheiro e bilhetes da Real Extração dos Diamantes, que deve ter recebido como pagamento pelo fornecimento de víveres aos escravos contratados por essa Companhia Régia, que monopolizava a extração das pedras. Esses bens parecem ter se destinado essencialmente à caridade.

Thereza de Jesus Perpétua morreu no Tejuco em 13 de julho de 1827, sem filhos ou qualquer parente vivo. Parece que já era inválida, pois entre seus bens figurava uma cadeira de rodas, ainda que quebrada. Apesar de ter pedido em testamento que fosse enterrada na Igreja Matriz de Santo Antônio, reza a tradição que seu corpo foi sepultado sob o coro de sua Igreja da Luz , onde ainda hoje reina a estátua milagrosa de Nossa Senhora.

Júnia Ferreira Furtado é professora da Universidade Federal de Minas Gerais e autora de Chica da Silva e o contratador de diamantes (Companhia das Letras, 2003).

Saiba Mais - Bibliografia:
ARAÚJO, Ana Cristina; CARDOSO, José Luís, MONTEIRO, Nuno Gonçalo, ROSSA, Walter, SERRÃO, José Vicente. O terremoto de 1755: impactos históricos. Lisboa: Livros Horizontes, 2007.
PRIORE, Mary Del. O mal sobre a terra: uma história do terremoto de Lisboa. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003.
TAVARES, Rui. O pequeno livro do grande terramoto. Lisboa: Tinta da China, 2005.

Marias, Maria
Quantas Nossas Senhoras existem?, pergunta o fiel, confuso diante da miríade de igrejas, capelas e imagens que trazem em seu nome um “Nossa Senhora disso” ou “Nossa Senhora daquilo”. Parecem muitas, mas todas são uma só: Maria, a mãe de Jesus. Invocada nas mais diversas circunstâncias, celebrada como padroeira de santuários ou de categorias profissionais, Nossa Senhora viu acrescentados ao seu nome títulos que se referem ao lugar de culto ou a etapas de sua vida.

Tem Nossa Senhora da Conceição, concebida sem pecado original, Nossa Senhora das Dores ou da Piedade – sofrendo ao pé da cruz do filho – e Nossa Senhora da Luz, aquela que salvou Thereza do terremoto. Da Luz ou da Candelária, ambas se referem ao momento em que Jesus foi exibido no ritual da purificação (praticado pelas mães judias após o parto) e saudado como “luz dos povos”.

Como intercessora dos homens perante o Todo-Poderoso, Maria é chamada por suas várias qualidades: da Ajuda, do Amparo, do Perpétuo Socorro, das Graças, Medianeira. A capacidade de resolver problemas complexos lhe valeu o apelido de Desatadora de Nós. E até na derradeira hora podemos recorrer a ela, na forma de Nossa Senhora da Boa Morte.

Outros títulos são ligados aos locais de suas aparições, como Nossa Senhora de Guadalupe (México, 1531), de Lourdes (França, 1858), de Fátima (Portugal, 1917), da Cabeça (Pico da Cabeça, Espanha, século XIII), ou à descoberta casual de uma estátua, como Nossa Senhora da Lapa (Portugal, 1498) e a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida (cuja imagem foi encontrada por pescadores no Rio Paraíba do Sul em 1717).
De tão popular, no Brasil virou até exclamação cotidiana, em momentos de susto ou espanto. Nestes casos, dispensa títulos adicionais. É “Nossa Senhora!”, e só. (Equipe RHBN)

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/fe-inabalavel
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Nossa Senhora da LuzNa época das grandes viagens marítimas, para a conquista da África, surgiu a devoção a Nossa Senhora da Luz, em Portugal.

Ela começou em 1453, com Pedro Martins, nascido em Carmide, uma aldeia perto de Lisboa. Diz a tradição que ele trabalhava na pequena propriedade herdada por sua mulher, quando foi raptado por piratas muçulmanos, que às vezes invadiam as terras cristãs.

Desde então a população de Carmide presenciou, durante trinta dias seguidos, a aparição de uma estranha luz sobre a fonte do Machado. Enquanto isso, Pedro Martins aguardava na prisão africana, o pagamento do resgate pedido à sua família, pelos piratas infiéis. Mas ele sabia que eles não receberiam nada, pois era muito pobre. Não teve dúvida, começou a rezar pela ajuda e intercessão da Virgem Maria, amparo dos aflitos, da qual era fiel devoto.

Em suas preces pedia para sair daquele lugar e voltar para sua família, em Carmide. A partir de então, Nossa Senhora passou a lhe aparecer em sonho durante trinta dias seguidos. No último sonho, Ela o avisou que no dia seguinte acordaria na sua aldeia. Mas ainda lhe disse que teria de procurar uma imagem escondida num local que seria sinalizado por uma luz, onde depois deveria erguer uma capela. Tudo aconteceu como Nossa Senhora dissera. Pedro encontrou a imagem perto da fonte do Machado onde a estranha luz aparecera, e essa notícia logo se espalhou.

O povo passou a invocar a imagem com o título de Nossa senhora da Luz. Enquanto Pedro obteve permissão do Bispo de Lisboa, para erguer uma capela no local onde encontrara a imagem.

Mais tarde a capela foi reformada e se tornou um belíssimo templo, inaugurado oficialmente em 1596. A festa de Nossa Senhora da Luz é celerada no dia 08 de setembro.

No Brasil, a primeira capela dedicada a Ela foi construída em 1580, no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo. Essa igreja foi citada em várias cartas do Padre José de Anchieta. Porém, em 1603 a capela foi transferida para o atual bairro da Luz. Depois ao lado da igreja foi construído o Convento das religiosas do Recolhimento da Luz. Hoje a igreja e o convento são patrimônios tombados e abriga o Museu de Arte Sacra de São Paulo que conserva a mais antiga imagem de Nossa Senhora da Luz, dentre outras relíquias.
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'NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS'
Devoção mariana, nascida de milagre em Portugal, floresce no Brasil.


“Neste mundo neopagão em que vivemos, os homens não entendem o modo de agir divino: se Deus nos prova nesta vida, visa premiar-nos na vida eterna, caso sejamos fiéis. Assim, a história da devoção mariana narrada a seguir nasceu de uma provação, da terrível prova da escravidão.


Pero Martins era um português pobre da vila de Carnide. Dedicava-se à agricultura pelo início do século XV. Tendo trabalhado no sul de Portugal, conheceu Inês Anes, uma moça dona de algum patrimônio com a qual casou. Voltou à sua vila natal e lá levava uma existência tranquila com sua esposa. Vida ideal segundo muitos... mas não segundo Deus, que desejava muito mais do nosso bom português.


A provação despontou em seu caminho. Caiu ele prisioneiro dos mouros da África. Teria ele participado de alguma das numerosas expedições lusas à África ou sido sequestrado pelos piratas muçulmanos que saqueavam as costas portuguesas? Não o dizem as crônicas. O fato é que esteve prisioneiro na África.


Que queda espetacular! Passar de senhor de si e de outros, alimentando-se bem, rodeado do carinho de sua família, trabalhando num clima agradável, e sobretudo confortado facilmente pelos auxílios da Religião verdadeira, a católica, para a tristíssima condição de escravo, obrigado a trabalhar num campo alheio, sob clima atroz, para alimentar um grupo de sequestradores, sem segurança de nenhuma espécie, alheio a todo carinho e compaixão. Exposto a morrer a qualquer momento, sem ter perto um padre para o ajudar a viver e morrer bem, e assim poder se apresentar diante do terrível tribunal divino, no qual a sentença é nada menos do que a bem-aventurança eterna ou o inferno eterno!

Realmente, isso é que é prova! Quantos anos durou? Ninguém sabe, mas provavelmente foi um bom tempo. Procurou-se resgatar Pero Martins de seu cativeiro, mas dadas as miseráveis comunicações do tempo, especialmente entre povos inimigos, não se conseguiu pagar o resgate. Assim, teve ele que continuar prestando “serviços” a seus cruéis amos.

Já transcorria o ano de 1463 e nenhuma esperança humana restava ao infeliz cativo. O que fazer nessa terrível circunstância? Abandonar a Fé católica, o que lhe traria a libertação quase automática? Loucura! Seria trocar poucos anos de vida, ainda que em liberdade, por uma eternidade infeliz – o pior negócio desta vida.

'Solução milagrosa para situação insolúvel'

Pero Martins rezou a Maria Santíssima, a Qual decidiu solucionar sua situação de forma a evidenciar que remove todos os obstáculos postos pelos homens. A Mãe de Deus apareceu-lhe em sonhos durante 30 noites consecutivas e prometeu-lhe que na última noite, ao acordar, estaria em Carnide, sua cidade natal. Acrescentou que, ao chegar ali, deveria buscar uma imagem Sua que fora escondida perto da fonte do Machado, num local que lhe seria indicado por uma Luz. Nossa Senhora pediu, além disso, que construísse uma ermida no lugar em que encontrasse a imagem.

Indescritível a alegria do bom português ao acordar e encontrar-se de volta em sua terra! Parecia mentira! Sair da terrível escravidão de forma tão fácil, só porque Ela, a Rainha do Céu e da Terra, assim o quis! Tomado de emoção, Pero Martins pôs-se imediatamente a procurar a Imagem que Nossa Senhora lhe pedira para encontrar. Não foi difícil que lhe dessem notícias dela, porque já há algum tempo começara a aparecer sobre a fonte do Machado uma luz misteriosa, cuja origem ninguém conseguia descobrir. Até de Lisboa, a capital, curiosos apareceram para ver tão estranho fenômeno.

Saiu então Pero de noite, acompanhado de seu primo Lopo Simões, para procurar a imagem. Ao chegar à fonte viram a Luz, a qual começou a se mover na frente deles. Seguiram-na até parar no meio do matagal, sobre umas pedras. Os dois primos removeram as pedras e encontraram uma imagem de Nossa Senhora, tal como a Virgem havia descrito nos sonhos.

Nasceu assim a devoção a Nossa Senhora da Luz, para a qual foi construída uma ermida e depois uma magnífica igreja no local da aparição.

'A nova devoção mariana transfere-se ao Brasil'

Menos de 40 anos haviam transcorrido desse fato prodigioso, quando a frota de Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. E, junto com a religião católica, vieram ao Brasil as devoções mais correntes em Portugal.

Em 1580 já existia em São Paulo uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Luz, transferida em 1603 para o atual bairro da Luz, onde se encontra o Mosteiro concepcionista no qual está enterrado o bem-aventurado Frei Galvão. No Rio de Janeiro havia igualmente um santuário, cuja imagem encontra-se hoje na Matriz do Alto da Boa Vista.

'Padroeira de Curitiba'
Mas foi especialmente em Curitiba, onde Nossa Senhora quis mostrar que sua bondade se estendia à nação filha de Portugal, libertando os pobres índios pagãos, escravos dos pecados e dos vícios.

Por volta de 1650 existia uma capela dedicada a Nossa Senhora da Luz, perto do rio Atuba, no atual Estado do Paraná. Os habitantes do local notaram com surpresa que, pelas manhãs, a imagem tinha sempre os olhos voltados para uma região com muitos pinheiros, ou pinhais – Curitiba, em idioma indígena, onde dominavam os ferozes índios caingangues. De tal modo, o olhar da imagem nessa direção era insistente, que os habitantes decidiram desbravar a região. Para isso, armaram-se e penetraram no local, decididos a lutar e dominar os selvagens.

'Nossa Senhora da Luz apazigua indígenas'
Em vez do previsível combate, o que ocorreu foi a acolhedora recepção oferecida pelo cacique Gralha Branca, ou Araxó. Os índios concordaram em ceder amigavelmente o terreno aos desbravadores, e o cacique tomou sua vara, símbolo do mando, enterrando-a no local que viria a ser a praça central da futura cidade. Muito simbolicamente, dita vara, ao chegar a primavera, voltou a desabrochar, dando galhos e flores. Nesse local – hoje Praça Tiradentes – foi erguida a igreja em honra a Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

Com o tempo a cidade cresceu de tal modo que foi necessário edificar novo templo. Foi então construída a bela Catedral neogótica que hoje conhecemos.”
http://triaquimmalucelli.blogspot.com.br/2015/09/homenagem-nossa-senhora-da-luz-dos.html

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