Oração à Nossa Senhora da Agonia
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Nossa Senhora da Agonia, rogai por nós.
Mariza Roque da Fonsêca
fonte:http://marizaroque2.zip.net/arch2011-05-01_2011-05-31.html
HISTÓRIA
Existe em Viana do Castelo, Portugal, um Santuário é dedicado a Nossa Senhora da Agonia e está situado próximo do mar.
A Virgem Mãe foi invocada com o nome de Agonia pelos pescadores daquela cidade, em virtudes de estares em tantas vezes em perigos de naufrágio. O mar ali é bravo e quando movidos de tufões, atira as embarcações contra uma falésia denominada “Penedo Ladrão”.
As famílias dos pescadores no cais, assistem angustiadas à luta de sobrevivência daqueles homens. De joelhos, elas chamam pela Senhora da Agonia, numa fé comovedora. Lembram – Lhe os seus maridos, filhos e irmãos, que além do amor que lhes voltam, são o seu sustento.
Os pescadores da costa marítima nortenha ali vão implorar ou agradecer as vidas que esta Virgem Mãe lhes consegue.


Efetuam-se as grandes touradas, atraindo especialmente a gente espanhola que anima com a sua vivacidade e alegria a cidade. Embora sejam divertimentos que não traduzem devoção, no entanto, quem lá vai não deixa de visitar o Santuário, rezar e homenagear a Virgem, que assumindo diversos nomes, é sempre a mesma e Grande Mãe.
Este texto oi retirado de uma carta escrita pela Irmã Maria do Carmo da Santíssima trindade, nascida em Viana Castelo, e hoje enclausurada no Carmelo Santa Teresinha, localizado na cidade de Benevides – PA.
Transcrevemos, a seguir, uma poesia escrita em 1957, cujo o autor é o pai dessa irmã Carmelita.
SEGREDO DA AGONIA E A GENTE DO MAR
José Lomba
1 - A senhora da Agonia
Quis, ali, o seu olhar,
Para velar, noite e dia,
Pelo 0s que partem e chegam
E que, com risco, navegam,
Por sobreas águas do mar;
E, quando ruge a procela
E sopra rija a ventania,
Quem os ampara e os guia
Ali, da sua capela.
E, as mulheres, muito aflitas,
Rompem aos gritos de cais
Ao ver a vida dos seus,
Em risco certo de morte;
Os braços erguem aos Céus
E, choram a sua sorte,
De olhos postos na capela,
Ajoelhadas, contritas
Imagens de dor, benditas,
Rogam, voltam para Ela:
3 - Minha Virgem da Agonia
Salvai, Senhor, o meu “ home”!
Ai, se ele a vida perdia!…
Vai–se o pão de cada dia,
Morrem–se os filhos de fome!…
E todos estão pequenos…
São já dez – afora o resto!
Tende dó dos meus meninos…
Cabem abaixo de um cesto!
São do pai toda a alegria,
Desvelo dos seus caminhos…
Ó Senhora da Agonia,
Não deixeis – eu morreria!
Que fiquem orfãozinhos!…
4 - Ó Senhora da Agonia,
Diz a mãe dum pescador,
Como vós, eu fui, um dia,
Viúva, cheia de dor;
Na amargura dessa hora,
Ficou-me ao peito, Senhora,
Um fruto do meu amor;
É já hoje, um homenzinho…
Como o pai, vive a pescar,
Anda naquele barquinho,
Quase preste a naufragar!
Senhora, Vós fostes Mãe,
Como eu, de um filho só;
Sofreste, como ninguém!
Foi, sem par, o Vosso dó;
Porque viste Teu Jesus
Morrer nos braços da Cruz;
E ali, nesse barquinho,
Vês, com a morte a luta,
Um rapaz…é o meu filhinho!
Poupai-me, Senhora, a dor,
Que tu já sofrestes, um dia!
É, o meu filho…o meu amor.
Não o deixeis afogar,
Na grande cruz desse mar!
5 – Oiço uma nova formosa,
Com olhos dum verde-mar,
Convida, receosa,
Olhos fartos de chorar,
Em torrente copiosa,
Que as vagas vai engrossar,
A dizer, baixo, com ela:
- Ó vil “Penedo Ladrão”.
6 - Virgem da Agonia,
Trazei-o a meus braços,
Que o mar poderia
Comê-lo aos pedaços
Prometo, Senhora,
De rastro, a andar,
Levar-Te uma vela
Que hei de acendê-la,
No Vosso altar.
7 – O mar caiu, num momento;
E o barquinho a soçobrar,
Com vergas e velas partidas,
A bordo, com tantas vidas
Já cansadas de lutar
Contra o mar e contra o vento,
A Senhora da Agonia,
Já quase ao findar do dia,
Traz a porto e salvamento.
8 – Passado que foi um dia
Dessa tormenta tamanha,
Toda a gente da companha
Foi à Igreja da Agonia
Com promessas valiosas,
Levar a vela rasgada
Pela fúria do tufão;
Já envolta em lindas fitas,
Levemente perfumada
Por flores muito bonitas
Entre as quais brilhavam rosas
E camélias do Japão.
E, no mais chocante grito
De sincera devoção,
Cantando alto o “Bendito”,
Empreito de gratidão
A lembrança daquele dia,
A vela foram deixar
Estendida aos pés do altar
Da Senhora da Agonia.
O SENTIDO DO TÍTULO AGONIA
Pode – se acreditar que a devoção à “ Nossa Senhora da Agonia” está estreitamente ligada ao poema que Jacopone de Todi dedicou à Mãe de Jesus, na sua agonia aliada à agonia de Cristo na Cruz.
Agonia, no seu cindido primitivo, significa aquela luta angustiante entre os gladiadores, diante da multidão ululante, sedenta de sangue.
A vitória de um deles era a garantia da vida, que estava em jogo, numa luta, sem quartel, onde a morte de um seria a sobrevivência e a vitória do outro.
Dai, a extensão do sue sentido à luta do moribundo contra a morte eminente, indo mais além, à angustia diante do sofrimento, que parece não ser possível de ser superado.
Jacopone de tode, nascido em 1228, de família ilustre, se casou com uma mulher muito rica e viveu uma vida bastante mundana. Em 1268, repentinamente faleceu sua esposa e sua vida mudou inteiramente.
Vendeu tudo o que tinha e deu aos pobres e tornou – se religiosos, mas não chegou ao sacerdócio.
O amor divino tocou- – lhe tanto o coração, que fazia chorara constantemente: “Choro dizia ele, porque este amor não é amado!” E essa luta pelo amor de Deus, levou – o a lhe inspirar os mais belos poemas em louvor às dores da Virgem ao pé da cruz, dores estas que ele mesmo sentia na luta para alcançar a paz e a salvação da sua alma.
“Stabat Mater Dolorosa” é um de 20 estrofes onde o autor canta a luta angustiante de Maria, diante do sofrimento, da luta e da morte de seu Filho Jesus, pela nossa salvação.
Por um homem, entrou a morte no mundo, por outro Homem, a morte e o pecado foram vencidos, numa luta ingente de agonia e de aparente fracasso de um Deus,que assumindo a condição humana, nessa arena do mundo perdido pelo pecado, salvou a humanidade.
As seis estrofes ( as estrofes de 1 a 4e 7e8 do texto original) expõe a grande agonia de Maria, ao pé da cruz; as estrofe 5 e6, no original são uma transição da dor da Mãe, para nó filhos. ”Quis est homo qui non fleret…” ( Pobre Mãe tão, desolada, ao vê-la assim transpassada, quem de dor não chorva?) “Quis non posset contristari…” ( Quem não se constritaria, ao contemplar a Mãe de Cristo, ante a uma tal agonia?”).As 12 outras estrofes são uma fervorosa prece à Mãe das Dores: “Eia, Mater, fons amoris… (“Ó mãe, fazei que compartilhe vossa dor e a do Vosso Filho, que me garanta , assim , uma feliz eternidade”).
Seria preciso insistir sobre a beleza desse poema tão comovente? Que evocação tão solene, nestas primeiras palavras: “É aquela Mãe, tão cheia de maravilhosa ternura ! Ela, ao pé daquele instrumento de suplício, de onde pende o seu Filho, acabrunhada de dores, mantêm-se firme de pé.
Há quem critique o epiteto “Dolorosa”e as lagrimas da Mãe. Ao contrario, há aqueles que criticam a palavra “Stabat” ( estava de pé) e a atitude firme e enérgica da Virgem! Que pensar disso?
Será que os primeiros queriam uma Mãe, que, em semelhante circunstância, não sentisse na alma essa dor? Certamente não seria ela mais uma Mãe; não há compreenderíamos e jamais ele poderia ser para nós um modelo de quem sofre! E os segundos, será que estariam esquecidos de que, fortificada por uma graça especial e associada ao suplicio de seu Divino Filho, A Virgem Maria, embora acabrunhada das mais acerbas dores, não poderia permanecer firme e corajosa?
Nem insensibilidade, nem fraqueza, nem desmaio. Maria devia estar assim, de pé e “ dolorosa”, para sua própria glória e para nosso ensinamento.
Ao levar em conta o que ensina esse poema, é um mistério do nosso resgate, pelos sofrimentos de Jesus e de Maria, aos quais devemos nos associar com os nossos próprios sofrimentos.
Na monotonia dolente das palavras e da melodia, o autor toca as intimas cordas da sensibilidade do nosso ser, levando-nos a ouvir a comovente queixa, apresentada de uma maneira ingênua e cativante, por meio de frases que expressam o drama mais agudo que o mundo já viu, despertando em nós emoção, compaixão e sacrifícios.
História da Paixão de Jesus e da Compaixão e Agonia da Virgem. História da Redenção: falas e apelos expressos em estrofes monótonas que vão se escorrendo com lagrimas.
Canto ou prece que jamais haverá de cessar de comover e ao mesmo tempo de consolar, de fortificar as almas, que na Sexta-feira Santa e na Festa da Virgem das dores, revivem o drama do calvário.
Nas duas últimas estrofes, o autor apela a Cristo e sua Mãe: que lhe deem a ele e a todos a glória do Paraíso.
“Vindo, Ó Cristo, a minha hora.
Pela Mãe, me venha agora
A palma da vitória”
“Quando o meu corpo deixar de viver
Faze minh’alma receber a glória do paraíso. Amém! Aleluia!
Assim a luta se finda e a vida triunfa!
Seria a devoção à Nossa Senhora da Agonia idêntica à da Nossa Senhora da Soledade? Talvez só na aparência. Na realidade, porém, há uma grande diferença. Na devoção à Nossa Senhora da Soledade, o enfoque se concentra na luta da Mãe e do Filho, que se põe nas mãos de Deus, no total despojamento de si mesmos, para que a humanidade sobreviva na esperança da salvação, pelos méritos do Filho, que o Pai não quis poupar, para nós fossemos poupados.
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