NOSSA SENHORA DA LAMPADOSA
Entre as inúmeras ilhas do Mediterrâneo, a de Lampadusa, situada entre Malta e Tunísia, teve a honra de ter dado seu nome a uma invocação da Virgem Maria. Com seus vinte quilômetros quadrados de extensão, esta ilha, subordinada a província sociliana de Agrigento, após ter sido duramente bombardeada durante a última guerra, abriga atualmente uma colônia penal italiana.
Foi desse pedaço de terra perdido no mar Mediterrâneo que, segundo a tradição, escravos negros trouxeram a imagem de Nossa Senhora da Lampadusa (ou Lampadosa), venerada ainda hoje no Rio de Janeiro em pequenina igreja pertencente a uma organização religiosa de pretos e mulatos.
Inicialmente a irmandade se abrigava na igreja do Rosário; mais tarde recebeu doação de algumas braças de terra no campo da Polé e ali iniciou a construção de sua capela, que foi inaugurada em 1748. A princípio, como podemos ver numa estampa de Debret e de acordo com os cronistas da época, era Lampadosa um templo feio e acanhado. O padre Luís Gonçalves dos Santos, em suas memórias para servir ao reino do Brasil, descreve-a como “uma capela indecente e pobríssima, que em honra da religião se devia demolir e transferir-se a imagem de Nossa Senhora para a capela de Santa Ifigênia”, que também pertencia a uma confraria de pretos-minas.